O mercado financeiro brasileiro encerrou a semana embalado por um otimismo cauteloso. Com sinais de que a prolongada guerra comercial entre Estados Unidos e China poderia estar sendo convenientemente amaciada, o dólar completou seis quedas consecutivas, enquanto a bolsa de valores emplacou seu quinto dia de alta.
Nesta sexta-feira (25), o dólar comercial foi negociado a R$ 5,687, com leve queda de 0,08%. A moeda chegou a ensaiar um avanço pela manhã, recuou no início da tarde e oscilou novamente próximo ao encerramento dos negócios, mas acabou cedendo.
No acumulado semanal, o dólar sofreu desvalorização de 2%. Em abril, o recuo é de 0,29%, e no ano, a perda já alcança quase 8%, num movimento que reflete tanto fatores domésticos quanto o humor suscetível aos discursos internacionais.
Do lado da bolsa, o clima de alívio prevaleceu. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em 134.739 pontos, com alta discreta de 0,12%. Mesmo com momentos de hesitação, o índice garantiu a quinta valorização consecutiva, acumulando ganho de 3,93% na semana e 3,44% no mês.
No cenário interno, a divulgação da prévia da inflação oficial, o IPCA-15, trouxe alívio ao confirmar um avanço de 0,43% em abril — desaceleração em relação aos 0,64% registrados em março — reforçando a percepção de que, ao menos por ora, as pressões inflacionárias arrefeceram.
No exterior, a narrativa de trégua partiu de Washington, com declarações do presidente Donald Trump, que afirmou ter mantido sucessivos contatos com o líder chinês Xi Jinping e prometeu agir com “bom senso” nas negociações tarifárias. Ainda que desprovidas de maiores comprovações, as falas de Trump foram suficientes para injetar ânimo nos mercados, mais uma vez demonstrando a vulnerabilidade do ambiente financeiro a gestos diplomáticos tão voláteis quanto convenientes.
Assim, mesmo sem provas concretas, investidores preferiram confiar no tom brando de ocasião — como se as promessas de moderação vindas de Washington fossem, desta vez, diferentes das tantas outras que serviram apenas para ganhar tempo e ampliar vantagens. No fim, a aposta no bom senso norte-americano continua sendo um velho hábito: persistente, rentável para alguns e, quase sempre, ingênuo para a maioria.