Geral São Paulo
Biometano avança no interior de SP e ganha espaço na estratégia de transição energética
Iniciativas em Américo Brasiliense e Ribeirão Preto exemplificam a expansão do combustível renovável no Estado
23/12/2025 15h45
Por: Redação Fonte: Secom SP

A produção de biometano a partir de resíduos agroindustriais avança no interior paulista e ganha espaço na estratégia de transição energética do Estado. Em agenda na região central, a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) , Natália Resende, visitou a usina da São Martinho, em Américo Brasiliense, e discutiu a expansão do combustível em encontro com empresários em Ribeirão Preto .

Em Américo Brasiliense, a secretária conheceu a usina Santa Cruz, do Grupo São Martinho, que produz biometano a partir da vinhaça gerada na produção de etanol de cana-de-açúcar. Em operação desde outubro, a unidade tem capacidade para produzir cerca de 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra — o equivalente a aproximadamente 70 mil metros cúbicos por dia. Parte da vinhaça biodigerida pode ser reaproveitada como adubo orgânico nos canaviais, em consonância com os princípios da economia circular.

“Com esse volume, o uso do biometano da São Martinho tem potencial para evitar a emissão de até 32 mil toneladas equivalentes de gases de efeito estufa, contribuindo de forma efetiva para a transição energética rumo a uma economia de baixo carbono”, explicou Agenor Cunha Pavan, vice-presidente e superintendente agroindustrial da São Martinho. Segundo o executivo, o biometano já está conectado ao sistema de distribuição de gás, por meio de gasoduto, atendendo a região de Ribeirão Preto e cidades do noroeste paulista, via Necta Gás Natural.

Para a secretária Natália Resende, a iniciativa de produção de biometano e sua injeção direta na rede de gás canalizado da Necta Gás representa um marco para a transição energética regional, ao promover o uso de uma fonte de energia 100% renovável e limpa. “Trata-se de uma usina, de um projeto que apoiamos e que queremos expandir em várias partes do Estado. Hoje, São Paulo se destaca em relação a outros estados, pois já conta com capacidade instalada produzindo 500 mil metros cúbicos de biometano por dia, com oito plantas autorizadas. A previsão é que esse volume chegue a 700 mil metros cúbicos até o final do próximo ano, com mais sete plantas em processo de início de produção”, afirmou.

A secretária destacou ainda que o biometano alia redução de emissões à geração de emprego e renda no interior paulista. “Esse é um caminho que fortalece a economia regional e posiciona São Paulo como referência na produção de biocombustíveis sustentáveis”, disse.

No período da tarde, a agenda seguiu para Ribeirão Preto, onde Natália Resende visitou a sede da Necta Gás Natural e participou de encontro com empresários e parlamentares. Na ocasião, foram apresentados projetos voltados à descarbonização, com destaque para a interconexão de plantas de biometano e para iniciativas focadas na logística de veículos pesados. Entre os pontos apresentados, está o plano de investimentos da companhia para o noroeste paulista, incluindo municípios como São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Ribeirão Preto, com potencial de geração de empregos diretos e indiretos. A proposta é consolidar essas cidades como polos regionais de sustentabilidade.

“A visita da secretária Natália Resende à usina Santa Cruz e o encontro com lideranças empresariais em nossa sede indicam que estamos no caminho certo: transformar resíduos em energia limpa, gerar desenvolvimento regional e criar soluções práticas para a descarbonização. A Necta está comprometida em integrar cada vez mais biometano à nossa rede, ampliando o acesso a uma fonte segura e renovável para os municípios do noroeste paulista, em total convergência com o plano de energia do Estado de São Paulo”, afirmou José Eduardo Moreira, CEO da Necta.

Biometano ganha escala em São Paulo

São Paulo concentra hoje algumas das principais iniciativas de biometano do país. Presidente Prudente tornou-se, em 2025, o primeiro município brasileiro a ser abastecido integralmente com o combustível, produzido pela Usina Cocal e comercializado pela Necta Gás Natural, a partir de investimento de R$ 12 milhões. Outro destaque é Paulínia, que abriga a maior planta de produção de biometano do Brasil a partir de resíduos sólidos urbanos. No local, resíduos de 35 municípios da região de Campinas são transformados em energia, com investimento de R$ 450 milhões da Edge, empresa do grupo Cosan.

Essas ações integram uma estratégia mais ampla de valorização de resíduos. Nesse contexto, o programa Integra Resíduos, que promove a regionalização da destinação de resíduos sólidos com foco na ampliação do aproveitamento energético e na geração de novos produtos, conta atualmente com a participação de 344 municípios.

Como resultado desse conjunto de políticas públicas e investimentos, a matriz energética paulista é composta por 59% de fontes renováveis. Na matriz elétrica, o índice chega a 96%, um dos mais elevados do mundo.